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Seminário Sensibilização em Microcefalia 040

Profissionais de saúde receberam orientações de como atuar no acolhimento às crianças e famílias.


A Fundação Municipal de Saúde de Niterói, por meio do Departamento de Supervisão Técnico-metodológica (Desum), realizou o Seminário Municipal de Sensibilização para Estimulação Precoce em Crianças de Zero a Três Anos com Atraso no Desenvolvimento Neuropsicomotor decorrente de Microcefalia. O evento ocorreu hoje, no auditório do Núcleo de Educação Permanente (NEPP), na Policlínica de Especialidades Sylvio Picanço, no Centro. A mesa de abertura contou com especialistas do Ministério da Saúde, do Hospital Universitário Antonio Pedro (Huap) e profissionais da Rede Pública Municipal de Saúde.

 

Dirigido aos profissionais da Rede Básica da Saúde, o evento reuniu cerca de 100 profissionais: assistentes sociais, enfermeiros e técnicos de Enfermagem, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, médicos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, diretores de unidades, coordenadores multiprofissionais, bem como representantes da Coordenação de Vigilância em Saúde (Covig), Vice-Presidências de Atenção Coletiva, Ambulatorial e da Família e Hospitalar e de Emergências, respectivamente Vipacaf e Vipahe, além da Coordenação do Programa Médico de Família (PMF), Maternidade Municipal Alzira Reis Vieira Ferreira, e das Secretarias Municipais de Meio Ambiente e de Educação, e Companhia de Limpeza Urbana (Clin).
De acordo com a Chefe do Desum, Odila Dias Curi, a incidência de doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti (Dengue, Febre Chikungunya e Zika) levou o setor, por meio das coordenações de fonoaudiologia e fisioterapia, a organizar o evento, cujo objetivo foi compartilhar informações e discutir as boas práticas na atenção e no acompanhamento das crianças com microcefalia e de suas famílias.

Programação


A programação do seminário contou com palestras proferidas por profissionais especializados das Covig, Universidade Cândido Mendes, UFRJ, Programa de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente (Paisca), bem como do Centro de Reabilitação Oscar Clark e da Universidade Federal Fluminense (UFF).

 

Na primeira apresentação do dia a Coordenadora de Vigilância em Saúde do Município, Ana Lúcia Eppinghaus, abordou a situação epidemiológica e as diretrizes da vigilância em Niterói. Segundo a Sanitarista, a Zika não é só um problema do Brasil, já que 33 países da America apresentam casos do vírus. Por aqui, todos os Estados notificaram transmissão da doença. Em Niterói, as notificações dos casos começaram em julho do ano passado e os bairros com maior incidência estão na zona norte. A doutora apresentou ainda os sintomas da doença e explicou sobre as síndromes associadas. De acordo com ela, as gestantes que apresentam manchas vermelhas devem ser examinadas e ter material coletado para análise. “Não quer dizer que as grávidas que apresentem sinais do vírus vão ter bebes com microcefalia, porém, é recomendado que todas elas tenham acompanhamento durante todo o período de gestação. Precisamos refletir, se informar e manter uma rotina de atuação com o protocolo de condutas adequadas”, finalizou Ana.

 

A Fisioterapeuta e professora da UFRJ, Rosana Santos, com ampla experiência na área, falou sobre desenvolvimento neuropsicomotor em sua palestra. Ela mostrou as classificações da microcefalia, divididas em congênita, com sinais presentes no nascimento, ou durante o período gestacional e pós-natal, diagnosticado quando ocorre falha no perímetro encefálico após o nascimento.  Segundo Rosana, o problema tem grandes dimensões. O desenvolvimento e as lesões no Sistema Nervoso Central, como calcificação e atrofia cerebral, bem como exames recomendados pelo Ministério da Saúde também foram abordados. No final da apresentação, a professora afirmou que, a partir da detecção de anormalidade, os fisioterapeutas devem estar preparados para lidar com as novas situações, acompanhando o desenvolvimento dos bebes e auxiliando as famílias.

 

Os procedimentos da estimulação precoce no bebê foram expostos pelas profissionais de fisioterapia, Rosane Torres, e fonoaudiologia, Barbara Vale Otovi.  Rosane apresentou técnicas e equipamentos utilizados na fisioterapia neurofuncional para tratamento de pacientes com microcefalia. A doutora Barbara, em seu relato, falou do acompanhamento multiprofissional voltado para crianças que apresentam atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor e citou o desenvolvimento oral, melhorando a sucção, deglutição, respiração e fonação como umas das atribuições da especialidade.  Segundo ela, cabe também ao fonoaudiólogo investigar déficits auditivos nos bebês para, assim, estimular a fala.

 

Segundo a Vice-presidente de Atenção Básica, Ambulatorial e da Família (Vipacaf), Juliana Santos, o seminário é importante para discutir um tema que é novidade para todos. “Recebemos a cada dia novas notícias de um vírus a qual não temos muitas informações. Acredito que reciclar os conhecimentos dos nossos profissionais é um beneficio que trazemos para Niterói. Já temos nosso protocolo montando e adiantamos muito no assunto. Fazendo trocas de experiências dessa forma multidisciplinar e interssetorial, vamos avançar na extinção desse vírus e  alcançar a diminuição das doenças associadas a ele”, encerrou.

 

De acordo com os coordenadores do Programa de Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente (Paisca), Sérgio Arino e Ana Luiza Dorneles da Silveira, Niterói dá um passo importante na criação de um protocolo de atenção às crianças com microcefalia. “Das 72 gestantes diagnosticadas com Zika no Estado do Rio de Janeiro, 42 tiveram filhos com problemas neurológicos. E cabe a nós acolher essas mães da melhor forma possível”, afirmou Arino.

 

A psicóloga, Geose Neile Costa da Conceição, especialista em psicomotricidade, e a assistente social, Maria da Conceição dos Santos Guerra, abordaram o acolhimento, o cuidado, os aspectos emocionais e os direitos da criança e de sua família. “A portaria 405, de 15 de março deste ano, do Ministério da Saúde, destinou 10,9 milhões para acelerar o diagnóstico das crianças diagnosticadas com microcefalia no Brasil”, informou Maria da Conceição. Para Geose Neile, as políticas públicas de saúde que contemplarem o atendimento à microcefalia têm que levar em conta as sequelas emocionais e motoras que afetam respectivamente as famílias e as crianças.

 

O neurologista e professor da UFF, Mário Moacyr de Vasconcelos, disse que o Serviço de Neurologia Pediátrica, do Hospital Antonio Pedro, já atendeu cerca de cinco mil crianças nestes últimos 10 anos, mas os dois únicos casos de microcefalia que chegaram à unidade, em 2014 e 2015, mudaram para sempre a rotina da equipe.

 

 

 

 

 

 

 
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